Saiba Mais Sobre o Funcionamento de Iscas Formicidas

As formigas cortadeiras quando transportam as iscas para a colônia, lambem os pellets e ingerem pequenas quantidades de partículas com o inseticida, ocorrendo intoxicação por ingestão.

Os pellets, depois de hidratados, se fragmentam, possibilitando às operárias incorporarem esses pedaços no jardim de fungo do formigueiro.

Comprovou-se que 50 a 70% das operárias da colônia ficam contaminadas com o inseticida num período de 24 horas. Essa contaminação se dá por ingestão direta do ingrediente ativo da isca, por grooming (limpeza) ou por trofalaxia. Esta ultima consiste em uma atividade comum da colônia, onde as formigas trocam inúmeras substâncias entre si, como secreções enzimáticas, alimento, substâncias glandulares, etc.

Assim, uma formiga pode armazenar o inseticida ingerido no papo e posteriormente regurgitá-lo para outras operárias, produzindo uma reação em cadeia (figuras 1 e 2). (FORTI & BOARETTO,1997)

As operárias generalistas e jardineiras são as que ficam contaminadas mais intensamente e rapidamente, devido às atividades que desempenham no cultivo do fungo. Portanto, o inseticida deve ter ação retardada, ou seja, não deve matar as formigas rapidamente e agir em baixas concentrações, caso da sulfluramida.

Os outros inseticidas matam rapidamente as operárias e interrompem a cadeia de trofalaxia (figura 2).

Com a mortalidade das operárias, ocorre uma desorganização geral na cultura do fungo alimentar, com crescimento de fungos contaminantes, tornando-o impróprio para a alimentação das formigas e rainha. Sem o fungo, todas as formigas sobreviventes e a rainha acabam morrendo por inanição, levando o formigueiro à morte em poucos dias. (FORTI & BOARETTO, 1997)

Processamento das iscas tóxicas e modo de ação da sulfluramida em colônia de formiga cortadeira (em laboratório). (FORTI & BOARETTO, 1997)	Dispersão de um inseticida, por trofalaxia e “grooming” (limpeza) dentro da colônia de formigas cortadeiras. (FORTI & BOARETTO, 1997)